EU e outras poesias
Augusto dos Anjos
·
Linguagem
original, chocante, marcada por palavras esdrúxulas.
·
Tradicional
na forma e moderno no conteúdo.
·
Vocabulário
rebuscado e científico.
·
Dimensão
cósmica, foco em todas as energias do universo que se teriam encaminhado para a
construção desse mistério que é o EU.
·
Angústia
profunda diante da totalidade da morte (decomposição da carne)
·
Vontade
de viver é a raiz de todas as dores. (influência de Schopenhauer "Viver é
sofrer")
·
*Niilismo
·
Tematização
do horrível, do grotesco, do "mau gosto" proposital.
·
Poesia
escatológica, apoética (não poético).
·
Pré-Modernismo
(1ºs anos do século XX)
o
inovação
no conteúdo - constrói seus poemas com elementos não poéticos.
o
conservador
na forma - métrica, rima, preferência pelo soneto (continua a tradição parnasiana.)
o
Retórica
naturalista => vocabulário cientificista
·
hipérbole:
exagera
·
Temas
mais comuns: visão trágica e mórbida da existência, pessimismo, asco ao prazer
e aproximação ao grotesco (culto ao feio)
·
Não
o confunda com um poeta que ama a morte, mas sim que tem horror à vida
·
Não
pode se reduzi o poeta ao mórbido, em muitos poemas é possível perceber a
presença de um comprometimento com a crítica social. É possível encontrar em
sua obra alusão:
o
Ao
massacre de índios, à tortura praticada contra escravos negros, sobre a revolta
da chibata, a repressão pela qual passou o povo brasileiro.
·
O
título EU, do livro, vale por uma
autopsicologia. É um monossílabo tônico que fala. O eeu e o Augusto, sua carne
e seu sangue, seu sobro de vida. É ele integralmente no desnudo gritante de sua
sinceridade, no clamor de suas vibrações nervosas, na apoteose de seu sentir,
nos alentos e desalento de seu espírito.
·
As
vozes que falam no EU parecem estar
determinadas a fazer enxergar o mundo através de suas lentes corrosivas e
barbarizantes.
·
Estas
vozes apresentam um vigor verbal e imagético capaz de distorcer o real até a
caricatura mais mordaz.
Monólogo de uma sombra
Este poema
funciona como um prefácio da obra. Uma sombra toma a voz lírica, o que é marcado
pelo fato de o poema começar por entre aspas. Esta sombra, que a princípio se
coloca distanciada das questões humanas e mostra até certo nojo sobre isso, se
irmana com os homens ao falar que também faz parte da raça fadada a desgraça e
ao infortúnio.
O poema
apresenta também dos arquétipos, o filósofo moderno e o Sátiro. O primeiro
representa o pensador, aquele que tem a consciência de seu desmoronamento ou de
sua vida que na verdade fabrica a morte. Seu fim é apenas carnal, como uma
forma de sacrifício para a compreensão do leitor. O segundo representa o lado
instintivo, a punção sexual do ser humano. Seu fim é menos glorificado do que
do filósofo e o fim da matéria não significaria o fim da culpa. O eu-lírico
toma a voz poética no fim do poema e como piar de corujas prever de forma
pessimista o que ainda estava por vir até a sua morte.
O Morcego
O tema é a
incapacidade de fugirmos de nossa consciência. A consciência é comparada a um
morcego. A mordida anunciada pelo eu-lírico é a consciência ferida, pesada. É
inútil tentativa de expulsá-lo(a), nem muros ou tela poderia evitá-lo(a). O
Morcego é apresentado como uma criatura feia, asquerosa.
Psicologia de um vencido
Concepção da
vida como apenas de ordem biológica e não como filho de Deus. O mal é originado
do nascimento do próprio homem. A humanidade e a vida causam nojo e
repugnância. O Verme é o grande vencedor da vida, pois, como símbolo da
putrefação e da degeneração da matéria, é ele que espera a todos para
devorá-los. A vida é desintegração e a matéria é a morte gradual.
A Ideia
Começa com um
questionamento, sobre onde vem a ideia. Descreve o caminho percorrido pela
mesma, de forma biológica, do cérebro até a língua. A capacidade de externar a
ideia é colocada em cheque e a mesma quando sai está quase morta.
O Lázaro da Pátria
É um dos
poemas que trabalham com a questão social. O vocábulo “Pátria” é muito pouco
usado pelo poeta e aqui aparece com um sentido bastante negativo. A Bíblia fala
de dois Lázaros, um que tinha o corpo tomado por feridas que os cães lambiam e
outro, amigo de Jesus, ressuscitado por este. Assim, o índio ressuscitado
tantas vezes na história de nosso país e fadado a uma vida marginal, doente e
maltrapilho. Os Goitacases, citados no poema, são a antiga nação indígena do
Nordeste brasileiro, praticamente extinta. O nosso ressuscitado goitacás,
caminha sem destino à noite e com um futuro cada vez mais incerto.
Idealização da Humanidade Futura
Visão que se impõe
no eu-lírico sobre a humanidade no futuro. Os ímpetos impuros dos homens
tornarão as gerações futuras etnicamente irracionais. A vida surgira de montes
de lixos e na consciência das pessoas não mais se encontrará a luz da razão e
sim a lama e a mosca da putrefação. É o pessimismo em relação à humanidade, o
homem traz e levará consigo o mal e a podridão.
Versos a um cão
Mostra que o
cão, como um organismo vivo, também carrega consigo a hereditária dor de viver
e assim se irmana aos homens no processo continuo de desintegração
O Deus Verme
Este é o deus
da matéria. É o decompositor de todo organismo. Apresenta que o destino da vida
é fabricar a morte!
Debaixo do Tamarindo
Tem uma
relação com a biografia do poeta que tinha uma ligação com a árvore por causa
de sua infância e adolescência. Quando fala da “Paleontologia dos Carvalhos”
diz sobre o desejo de ser enterrado na sombra desta árvore. Esta temática é
retomada em Vozes da morte, porém
com a perspectiva de continuidade, com os frutos do tamarindo sendo filhos da
junção da árvore com a matéria decomposta do poeta.
Idealismo
O eu-lírico
faz uma reflexão sobre a humanidade e com a forma de amor do seu tempo. Ele condena
o amor carnal e afirma que este amor não é digno de ser cantado em sua poesia.
Assim o poema trabalha com a metalinguagem. A última estrofe afirma que o amor
verdadeiro só pode ser conseguido após a morte. A temática do amor é retomada
em Versos de Amor. Este faz uma
comparação entre o amor e a cana diante da aparência de ser doce, porém a
experiência mostra que a expectativa da doçura era apenas uma ilusão. O
eu-lírico aponta para a impossibilidade de compreender o amor. O Amor
verdadeiro, feito entre as almas, é impossível de ser descrito em palavras e
esta acima do mero amor da matéria. O eu-lírica acena para a necessidade de se
buscar o amor elevado, com risco de não acha-lo e no final ter um coração
gasto, porém vazio. Opinão minha daria
uma ótima questão compará-lo com o poema arte de amar de Manuel Bandeira, pois
o poeta modernista tem uma visão contrária a dele.
Arte de amar
Se
queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Versos Íntimos
Fala da
ingratidão e da capacidade do homem de ser mal e que corrompe todos e tudo a
sua volta. Como em outros poemas ele diz que o homem tem dedo de peçonha, ou
seja, tudo que ele toda é corrompido.
muito bom
ResponderExcluir