quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Nordeste - Parte 3




Manifestações culturais do Maranhão



Por causa de sua localização geográfica, a cultura do estado é a convergência das influências de índios, negros e brancos e também a confluência da cultura nordestina e amazônica, o que deu força  a este multiculturalismo.


Principais manifestações:

  • O trabalho artesanal no trançado da palha, no trabalho das rendeiras, na pesca e na construção de barcos 
  • A influência dos povos indígenas, africanos e euopeus (franceses e portugueses) é facilmente notado em sua culinária, em que se destaca pratos com peixes e frutos do mar associados a uma forma de diferenciada.


Culinária Típica

Arroz de Cuxá
O nome é estranho e o visual é exótico. Mas o cuxá, principal prato típico do Maranhão, é uma delícia. Feito à base de vinagreira, que dá o sabor e a cor esverdeada ao prato, o cuxá leva também camarão, quiabo, cebola, alho, pimenta e tomate na receita. O resultado é um creme, que é comido com arroz branco e peixe frito. 
Açai ou como também é conhecido: Juçara

O açaí, também conhecido na região como juçara, é muito apreciado e consumido tanto em pratos salgados (com carne de sol, farinha, peixe) quanto em pratos doces (sorvetes, sucos, doces. Anualmente é realizada a Festa da juçara dada a importância da mesma.

Não podíamos nos esquecer...


"O sonho cor de rosa"


Danças e costumes

O Bumba-meu-boi é uma das mais expressivas manifestações culturais do Maranhão. Este espetáculo de música, dança, cantos e cores arrebata os sentidos e alegra as noites de São João em São Luís. 



A diversidade étnica também está presente nos diferentes estilos de boi - os chamados "sotaques“:

- Boi de matraca: de marcada influência indígena, se caracteriza pela utilização da matraca, um instrumento construído com pequenas tábuas que fazem a percussão;

- Boi de zabumba: de influência africana, utiliza a zabumba, uma espécie de tambor, na marcação.
 
- Boi de orquestra: predomina a influência branca, utiliza instrumentos de sopro como saxofones, clarinetas e pistões.


Boi-bumbá – Amazonas
Boi-de-Reis – Maranhão, Piauí e Ceará
Boi-calemba – Rio Grande do Norte
Boi-de-mamão – Santa Catarina
Boizinho – Rio de Janeiro
Bumba – Paraíba e Pernambuco
Bumba-de-Reis – Espírito Santo
Cavalo-marinho – Paraíba e Pernambuco
Folguedo-do-boi – Rio de Janeiro
Rei-de-Boi – Rio Grande do Norte
Reis-de-boi – Rio de Janeiro
Reisado cearense – Ceará
Surubi – Ceará
Três Pedaços – Alagoas


Boi Luzeiro - Cordel do fogo Encantado

Vem rodar no meu terreiro, boi luzeiro 
Vem soltar fitas na seca 
Vem tacar fogo no mundo
Violento Vaidoso e Avoador  
Quando o dia nascer e morrer 
Seu nananun rei 
Cigarro Pai Tomás cigarro (um trago) 
Incensa a tarde baforadas de verão
Os retirantes já cruzaram meio mundo 
Eu fico aqui esperando outro batuque
Uma mulher com dois olhos de trovão
A nau mergulhou meu Bumba cadê? 
Seu nananun rei 
Quando o dia nascer e morrer Boi


Escritores Maranhenses

  • Romantismo: Gonçalves Dias e Sousândrade
  • Realismo: Arthur Azevedo
  • Naturalismo: Aluísio Azevedo, Coelho Neto
  • Parnasianismo: Raimundo Correia
  • Pós-Moderno: Ferreira Gullar


Manifestações culturais do Piauí



Maria Isabel é um prato que leva um nome que parece caboclo. É um prato típico geralmente servido com capote (galinha-d’angola). Gêmeo dos arrozes portugueses, esse prato faz parte de uma família de receitas à base desse ingrediente, que herdamos da cozinha lusa
.

No estado, há vestígios da presença do homem americano que datam até 50 000 anos. Estes estão presentes no Parque Nacional da Serra da Capivara, na Serra das Confusões e em Sete Cidades.



Hindemburgo Dobal Teixeira – (H. Dobal) - Modernista

Maria Piauí                                                                                                              Traição

Convoca os poderes                                                                       Saul Carneiro
Que os outros não tinham                                                              Separado da mulher
Benzia com rezas                                                                             Encontrava-se com ela
Que ninguém sabia                                                                          Ás escondidas
Fechava os corpos                                                                          Teodoro Gomes
Abria as almas                                                                                   - É o único homem no
E enganava                                                                                        mundo
Os desenganados                                                                             que bota chifre em si
                                                                                                             mesmo



Bestiário

O homem e os outros bichos que passeiam
neste campo de cinza te perseguem.
E após tantos verões sua presença
ainda se guarda em ti como na infância
E em ti se faz antiga esta lembrança
do descuido andar nestas veredas
de gado. Mas outra vez os tabuleiros
de abril teu cavalim de canaúba
estradando no ar campeia ovelhas.
Vence os campos de outrora e as miunças
Soltas do seu passado te restauram
em teu tempo. Teu tempo conseqüente
neste imerso curral em que te amassas
triste e só campeador de lembranças.




As despesas do envelhecer

O horizonte fixo,
o silêncio, a poeira.
Escondidas na pele
as raízes da morte:
demanda e oferta
dever e haver
demonstração
do que viveu em vão.



Romance

Para as Festas da Agonia
Vi-te chegar; como havia
Sonhado que já chegasses:
Vinha teu vulto tão belo
Em teu cavalo amarelo,
Anjo meu, que, se me amasses,
Em teu cavalo eu partiria
Sem saudade, pena, ou ira;
Teu cavalo, que amarraras
Ao tronco de minha glória
E pastava-me na memória,
Feno de ouro, gramas raras.
Era tão cálido o peito
Angélico, onde meu leito
Me deixaste então fazer,
Que pude esquecer a cor
Dos olhos da Vida e a dor
Que o Sono vinha trazer,
Tão celeste foi a
Festa, Tão fino o Anjo, e a Besta
Onde montei tão serena,
Que posso, Damas, dizer-vos
E a vós, Senhores, tão servos
De outra Festa mais terrena -
Não morri de mala sorte,
Morri de amor pela Morte.

Mário Faustino - (1930 - 1962)


Cogito

Eu sou como eu sou
Pronome 
Pessoal intransferível
Do homem que iniciei
Na medida do impossível

Eu sou como eu sou
Sem grandes segredos dantes
Sem novos secretos dentes
Nesta hora

Eu sou como eu sou
Presente
Desferrolhado indecente
Feito um pedaço de mim

Eu sou como eu sou
Vidente
E vivo tranqüilamente
Todas as horas do fim





Manifestações culturais do Ceará

A base da cultura do estado é essencialmente  de origem européia e ameríndia, com algumas influências afro-brasileiras. 

Sarapatel: Feito com as vísceras do porco (rins, fígado, coração, sangue e bucho).
Sarrabulho: Sangue coalhado de porco
Panelada: Cozido feito com as vísceras de boi (tripas, bucho, mocotó). Um de nossos pratos preferidos.
Galinha à cabidela: Galinha cozida no próprio sangue
Buchada: Bucho de carneiro recheado com as vísceras (rins, fígado, coração, tripas)
Baião de dois: feijão cozido com arroz.
Paçoca: Carne-de-sol desfiada frita com farinha Carne de sol Carne salgada e seca ao sol. 


Manifestações Culturais


  • Bumba-meu-boi ou Boi-Ceará: são cantos e danças de culto religioso ao boi, de tradição lusoibérica. 
  • Dança do coco: originada entre os negros. Na praia é somente para homens e no sertão é dançada aos pares. 
  • Torém: dança indígena originária dos índios tremembés. 
  • Maracatu: Dança e música o maracatu de Fortaleza é da linha Baque, Virado ou Nação e é celebrado nos carnavais. 
  • Violeiros, cantadores e emboladores: manifestação musical geralmente expressando críticas sociais. Tem origem típica nordestina.

Antônio Bandeira

Football in Hyde Park

A grande cidade


“Nunca pinto quadros. Tento fazer pinturas.' A famosa frase de Bandeira, mais de uma vez citada, traz-nos de imediato o que de mais significativo encerra a abstração informal: a última grande contestação da relação entre a pintura e o enquadramento imposto pelo suporte, antes de seu esfacelamento pela arte contemporânea.”

MARQUES, Luiz. Antonio Bandeira, 70 anos. In: BANDEIRA, Antonio. Antonio Bandeira: 70 anos. Texto de Luiz Marques. São Paulo: Dan Galeria, 1992. p.21-23. 


Escritores Cearenses


  • Romantismo: José de Alencar
  • Naturalismo: Adolfo Caminha
  • Modernismo: Rachel de Queiroz
  • A Literatura de Cordel surgiu no período da Oligarquia de Nogueira Accioly, período esse, em que circularam alguns folhetos destratando a figura do governador cearense. Patativa do Assaré é um dos maiores destaques nesse tipo de literatura.

Em O Quinze, primeiro e mais popular romance de Rachel de Queiroz, a autora exprime intensa preocupação social, apoiada, contudo, na análise psicológica das personagens, especialmente o homem nordestino, sob pressão de forças atávicas que o impelem à aceitação fatalista do destino. Há uma tomada de posição temática da seca, do coronelismo e dos impulsos passionais, em que o psicológico se harmoniza com o social.





"Lá se tinha ficado o Josias, na sua cova à beira da estrada, com uma cruz de dois paus amarrados, feita pelo pai. Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de fome, estrada afora. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida, para cair depois no mesmo buraco, à sombra das mesma cruz." 






A terra é naturá - Patativa do Assaré

               I                                                                      II
Esta terra é como o Só                                Esta terra é como o vento,
Que nace todos os dia                                 O vento que, por capricho
Briando o grande, o menó                          Assopra, ás vez, um momento
E tudo que a terra cria.                                Brando, fazendo cuchicho.
O só quilarêa os monte,                              Ôtras vez, vira o capêta
Tombém as água das fonte,                       Vai fazendo piruêta,
Com a sua luz amiga,                                  Roncando com desatino,
Potrege, no mesmo instante,                     Levando tudo de móio
Do grandaião elefante                                 Jogando arguêro nos óio
A pequenina formiga..                                Do grande e do pequenino

             III                                                                        IV 
Se o orguiôso podesse                               Pois o vento, o só, a lua,
Com seu rancô desmedido,                       A chuva e a terra também,
Tarvez até já tivesse                                    Tudo é coisa minha e sua,
Este vento repartido,                                  Seu dotô conhece bem.
Ficando com a viração                               Pra se sabê disso tudo
Dando ao pobre o furacão;                        Ninguém precisa de istudo;
Pois sei que ele tem vontade                     Eu, sem escrevê nem lê,
E acha mesmo que percisa                       Conheço desta verdade,
Gozá de frescô da brisa,                            Seu dotô, tenha bondade
Dando ao pobre a tempestade.                 De uvi o que vô dizê.

             V                                                                        VI
Não invejo o seu tesôro,                            Iscute o que tô dizendo
Sua mala de dinhêro                                  Seu dotô, seu coroné:
A sua prata, o seu ôro                               De fome tão padecendo
O seu boi, o seu carnêro                           Meus fio e minha muié
Seu repôso, seu recreio,                           Sem briga, questão nem guerra,
Seu bom carro de passeio,                       Meça desta grande terra
Sua casa de morá                                      Umas tarefa pra eu
E a sua loja surtida,                                   Tenha pena do agregado
O que quero nesta vida                             Não me dêxe deserdado
É terra pra trabaiá.                                     Daquilo que Deus me deu.


Questão ENEM

Escutem o que tô dizendo,
Seu dotô, seu coroné:
De fome tão padecendo
Meus fio e minha muié.
Sem briga, questão nem guerra,
Meça desta grande terra
Umas tarefa pra eu!
Tenha pena do agregado
Não me dêxe deserdado
Daquilo que Deus me deu.

PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis e outros poemas.
Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2008 (fragmento).

A partir da análise da linguagem utilizada no poema, infere-se que o eu liríco revela-se como falante de uma variedade linguística específica. Esse falante, em seu grupo social, é identificado como um falante.

(A) escolarizado proveniente de uma metrópole.
(B) sertanejo morador de uma área rural.
(C) idoso que habita uma comunidade urbana.
(D) escolarizado que habita uma comunidade do interior do país.
(E) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do sul do país.


Resposta correta:

(B) sertanejo morado de uma área rural.







Manifestações Culturais do Rio Grande do Norte


Os habitantes do Rio Grande do Norte, chamados de potiguares, ou "comedores de camarão" no idioma tupi, expressam sua rica identidade em uma culinária variada e deliciosa.

A tapioca e outros pratos como baião de dois, carne de sol, frutos do mar, caranguejada,  cuscuz, doces de caju, cocada são típicos não só do estado, mas em quase todo Nordeste. Fruto do encontro das três etnias.


Nísia Floresta (1810 - 1985)

  • “Certamente Deus criou as mulheres para um melhor fim, que para trabalhar em vão toda sua vida.”
  • “Se cada homem (...) fosse obrigado a declarar o que sente a respeito de nosso sexo, encontraríamos todos de acordo em dizer que nós nascemos para seu uso, (...) reger uma casa, servir, obedecer e aprazer aos nossos amos, isto é, a eles homens.”
  • “Se este sexo altivo quer fazer-nos acreditar que tem sobre nós um direito natural de superioridade, por que não nos prova o privilégio, que para isso recebeu da Natureza, servindo-se de sua razão para se convencerem?”




Manifestações culturais da Paraíba

A culinária é baseada nos frutos do mar e em pratos preparados com carne seca e farinha de mandioca. O “arrumadinho” é um exemplo – feijão, carne seca, tomate, cebola, pimentão, coentro e farinha de mandioca.

O Vale dos Dinossauros é um dos mais importantes sítios paleontológicos existentes, onde registra-se a maior incidência de pegadas de dinossauros no mundo. 









"A Sentença já foi proferida. Saia de casa e cruze o Tabuleiro pedregoso. Só lhe pertence o que por você for decifrado. Beba o Fogo na taça de pedra dos Lajedos. Registre as malhas e o pêlo fulvo do jaguar, o pêlo vermelho da Suçuarana, o Cacto com seus frutos estrelados. Anote o Pássaro com sua flecha aurinegra e a Tocha incendiada das macambiras cor de sangue. Salve o que vai perecer: o Efêmero sagrado, as energias desperdiçadas, a luta sem grandeza, o Heróico assassinado em segredo, o que foi marcado de estrelas - tudo aquilo que, depois de salvo e assinalado, será para sempre e exclusivamente seu. Celebre a raça de Reis escusos, com a Coroa pingando sangue: o Cavaleiro em sua Busca errante, a Dama com as mãos ocultas, os Anjos com sua espada, e o Sol malhado do Divino com seu Gavião de ouro. Entre o Sol e os cardos, entre a pedra e a Estrela, você caminha no Inconcebível. Por isso, mesmo sem decifrá-lo, tem que cantar o enigma da Fronteira, a estranha região onde o sangue se queima aos olhos de fogo da Onça-Malhada do Divino. Faça isso, sob pena de morte! Mas sabendo, desde já, que é inútil. Quebre as cordas de prata da Viola: a Prisão já foi decretada! Colocaram grossas barras e correntes ferrujosas na Cadeia. Ergueram o Patíbulo com madeira nova e afiaram o gume do Machado. O Estigma permanece. O silêncio queima o veneno das Serpentes, e, no Campo de sono ensangüentado, arde em brasa o Sonho perdido, tentando em vão reedificar seus Dias, para sempre destroçados". 

folheto XLIV - a visagem da moça caetana 
Pedra do reino - Ariano Suassuna



José Lins do Rego

  • Menino do engenho (1932)
  • Riacho doce (1939)
  • Fogo morto (1943)
  • Eurídice (1947)
  • Cangaceiros (1953)
  • Histórias da velha Totonha (1936)
  • Meus Verdes Anos (memórias) (1956)










Manifestações Culturais do Pernambuco


Além de alguns pratos já falados, a culinária  pernambucana destaca-se pelo Sururu (uma espécie de ostra), Sarapatel (feito de tripas e outras víceras do porco, além de sangue coalhado e cortado em pedaços)

Além de alguns pratos já falados, a culinária  pernambucana destaca-se pelo Sururu (uma espécie de ostra), Sarapatel (feito de tripas e outras víceras do porco, além de sangue coalhado e cortado em pedaços)


No do ritmo frenético, violento, sincopado da dança, a população ficava em plena fervura, o que na linguagem popular se dizia FREVURA, daí o nome FREVO.
Não é um cordão, um cortejo ou pertencente a um grupo, o que o caracteriza é a multidão que se adere ao som eletrizante como se uma corrente.
Divide-se em duas partes e seus motivos se apresentam sempre em diálogos de trombones e pistões com clarinetes e saxofones.
Também é dançado em pares que as vezes se desfazem em uma roda, em cujo centro fica um dançador, obrigado a fazer uma letra (passo qualquer), que vai sendo substituído por outros sucessivamente. 

Grupo carnavalesco pernambucano, com pequena orquestra de percussão, tambores, chocalhos, gonguê que percorre as ruas cantando e dançando sem coreografia especial.
À frente vão rei e rainha, príncipes, damas, embaixadores, dançadoras (vestidas de baianas) e indígenas com enduapes e cocares emplumados.





















Cicero Dias (Escada PE 1907 - Paris, França 2003) – Explora o  imaginário exuberante do nordeste brasileiro, a luminosidade do Brasil, a brisa do mar nos campos de cana-de-açúcar, as mulheres desejadas e a cultura popular carioca. A pintura desde pernambucano tem influência direta de Pablo Picasso, seu amigo.



M  B
   A
   N
U  D
   E
L  I
    R
    A


Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
  - Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância

A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada
com cadeiras mexericos namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai! 

A distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
De repente nos longos da noite um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo. 


Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
- Capiberibe

Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento

Cheia! As cheias! Barro boi morto 
árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras

Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou a
 passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe
- Capiberibe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido 
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam 

Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô. 






Manifestações culturais do Alagoas


Saborosas são as comidas de origens africana e indígena, tais como: beiju, pé de moleque, broa de goma, munguzá, tapioca, cuscuz de milho e de arroz 
O Coco também é chamado "bambelô" ou "zamba". É um folguedo dançado na região praiana do Norte e do Nordeste, sobretudo em Alagoas. 





Graciliano Ramos







De maneira geral, seus romances caracterizam-se pelo inter-relacionamento entre as condições sociais e a psicologia das personagens; ao que se soma uma linguagem precisa , “enxuta” e despojada, de períodos curtos mas de grande força expressiva.





Jorge de Lima

Sua poesia vincula-se à segunda geração do Modernismo. Sua poética contempla desde o soneto, com versos alexandrinos, até o verso livre. Seus temas preferidos são cenas da infância e motivos regionais.


Essa negra fulô
Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
chamada negra Fulô.

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
— Vai forrar a minha cama
pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar a minha roupa, Fulô!
Essa negra Fulô!

Essa negrinha Fulô!
ficou logo pra mucama 
pra vigiar a Sinhá,
pra engomar pro Sinhô!

Essa negra Fulô! 
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história, 
que eu estou com sono, Fulô! 
Essa negra Fulô!

"Era um dia uma princesa 
que vivia num castelo
que possuía um vestido
com os peixinhos do mar.
Entrou na perna dum pato
saiu na perna dum pinto
o Rei-Sinhô me mandou
que vos contasse mais cinco".

Essa negra Fulô! 
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Vai botar para dormir 
esses meninos, Fulô! 
"minha mãe me penteou
minha madrasta me enterrou
pelos figos da figueira
que o Sabiá beliscou".

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá
Chamando a negra Fulô!)
Cadê meu frasco de cheiro
Que teu Sinhô me mandou?
— Ah! Foi você que roubou!
Ah! Foi você que roubou!

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa,
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
que nem a negra Fulô).

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê meu lenço de rendas,
Cadê meu cinto, meu broche, 
Cadê o meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou? 
Ah! foi você que roubou! 

Ah! foi você que roubou!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia 
e tirou o cabeção, 
de dentro dêle pulou
nuinha a negra Fulô.

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou, 
foi você, negra fulô?


Essa negra Fulô!



























Farinha - Djavan

A farinha é feita de uma planta da família das euforbiáceas, euforbiáceas de
nome manihot utlíssima que um tio meu apelidou de macaxeira e 
foi aí que todo mundo achou melhor!...
a farinha tá no sangue do nordestino
eu já sei desde menino o que ela pode dar
e tem da grossa, tem da fina se não tem da quebradinha
vou na vizinha pegar pra fazer pirão ou mingau
farinha com feijão é animal!
o cabra que não tem eira nem beira lá no fundo do quintal tem um pé de macaxeira
a macaxeira é popular é macaxeira pr`ali, macaxeira pra cá
e em tudo que é farinhada a macaxeira tá
você não sabe o que é farinha boa
Farinha é a que a mãe me manda lá de Alagoas



Manifestações Culturais do Sergipe

A culinária divide o gosto pelos temperos, frutas e verduras frescas. Os demais ingredientes têm a ver com a geografia, como os frutos do mar e também a carne-seca. Feijão de corda com carne de sol é um prato muito popular.
O artesanato também é um ponto alto do estado. No complexo de mercados de Aracaju é possível aprender sobre a cultura, culinária e a história do estado. 





Tobias Barreto
O rei reina e não governa
(Apólogo)

Não sei porque a língua humana
Os brutos não falam mais,
Quando hoje têm melhor vida,
E há muita besta instruída
Nas ciências sociais...
Ultimamente entenderam
Que tinham também razão
De proclamar seus direitos
Pondo em uso os bons efeitos
Que trouxe a Revolução...

Seja o leão, diz o asno,
Um rei constitucional:
Com assembléias mudáveis,
Com ministros responsáveis,
Não nos pode fazer mal.
Fiquem-lhe as garras ocultas,
Não ruja, não erga a voz,
Conforme a tese moderna
Qu'ele reina e não governa,
Quem governa somos nós...
Todas as bestas da terra,
Todas as bestas do mar
Tenham os seus delegados,
Sendo os ministros tirados
Do seio parlamentar..."

"Muito bem! grita o macaco,
A gente vai ser feliz!
Respeito a ciência alheia;
Publicista de mão cheia,
O burro sabe o que diz.
Todavia, acho difícil
Que Dom Leão rugidor,
Sujeito à sede e à fome,
Queira ter somente o nome
De rei ou de imperador!...
Acostumado a pegar-nos
Com suas patas reais,
Calar-se, fingir-se fraco!...
Segundo penso eu... 
macaco...
Dom Leão não pode mais!"

Acode o asno: "Eu lhe explico,
Nada vaI a objeção:
Se o rei viola o preceito,
Salvo nos fica o direito
De fazer revolução".
"Mestre burro,
isto é asneira,
Palavrão de zurrador,
Esse direito é fumaça,
De que nos serve a ameaça,
Quando nos falta o valor?
Só vejo, que bem nos quadre
No trono, algum animal,
Que coma e viva deitado:
O porco!... Exemplo acabado
De rei constitucional...“

(1870)


 
 
  • Literatura de Cordel é, como qualquer outra forma artística, uma manifestação cultural. Por meio da escrita são transmitidas as cantigas, os poemas e as histórias do povo — pelo próprio povo.



Manifestações Culturais da Bahia

Acarajé é uma especialidade da culinária afro-brasileira feita de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, frita em azeite-de-dendê. Pode ser servido com pimenta, camarão seco, vatapá, caruru ou salada, quase todos componentes e pratos típicos da cozinha da Bahia.

Fitas do Senhor do Bonfim ou Fitinha do Bonfim
  • O estado da Bahia é considerado um dos mais ricos centro cultural brasileiro graças a sua riqueza e diversificação.
  • Em território baiano temos conservado um rico acervo de obras religiosas, arquitetônicas.
  • O estado também é berço das mais típicas manifestações culturais populares, quer na culinária, na música, e em praticamente todas as artes.




Eu vou pra Maracangalha, eu vou
Eu vou de ‘liforme branco, eu vou
Eu vou de chapéu de palha, eu vou
Eu vou convidar Anália, eu vou
Se Anália não quiser ir
Eu vou só, eu vou só
Se Anália não quiser ir, eu vou só
Eu vou só, eu vou só sem Anália, mas eu vou...



O que é que a baiana tem?
O que é que a baiana tem?
Tem torso de seda tem (tem)
Tem brinco de ouro tem (tem)
Corrente de ouro tem (tem)
Tem pano da Costa tem (tem)
Tem bata rendada tem (tem)
Pulseira de ouro tem (tem)
E tem saia engomada tem (tem)
Tem sandália enfeitada tem (tem)
E tem graça como ninguém...!






Escritores e Poetas


- Dias Gomes                               - Gregorio de Matos

- Jorge Amado                             - Junqueira Freire

- João Umbaldo Ribeiro             - Castro Alves

- Ruy Barbosa                              - Luis Gama

- Zélia Gatai



Senhora Dona Bahia

"Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna, 
e é que, quem o dinheiro nos arranca, 
nos arranca as mãos, a língua, os olhos."

"Esta mãe universal, 
esta célebre Bahia, 
que a seus peitos toma, e cria, 
os que enjeita Portugal"

"Cansado de vos pregar 
cultíssimas profecias, 
quero das culteranias 
hoje o hábito enforcar: 
de que serve arrebentar 
por quem de mim não tem mágoa? 
verdades direi como água 
porque todos entendais, 
os ladinos e os boçais, 
a Musa praguejadora.
Entendeis-me agora?"


Descrevo que era Realmente Naquele Tempo a Cidade da Bahia

A cada canto um grande conselheiro, 
que nos quer governar cabana, e vinha, 
não sabem governar sua cozinha, 
e podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um freqüentado olheiro, 
que a vida do vizinho, e da vizinha 
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha, 
para a levar à Praça, e ao Terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres, 
posta nas palmas toda a picardia.

Estupendas usuras nos mercados, 
todos, os que não furtam, muito pobres, 
e eis aqui a cidade da Bahia.


Salve Salvador...
O maior vício é contaminar, 
criar meus filhos e alguém matar.
Conspirar, aliciar, cuspir na vida.
A inocência garganta adentro, 
desce rasgando, purificando,
e o vício se alimenta da tormenta.
Salve Salvador.

O maior vício é contaminar.
O maior vício é contaminar.

(Mas o farol continua brilhando,
e os gringos continuam gastando,
a galera continua se aplicando;
o verão dá ibope na Bahia.)
Salve Salvador.

O maior vício é contaminar.
O maior vício é contaminar.




Nenhum comentário:

Postar um comentário