segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A estrela sobe - Análise da Obra - UFMG/2011

Bom pessoal, voltamos agora com a análise da obra "A estrela sobe"  de Marques Rebêlo, uma das obras que serão usadas pela UFMG este ano. Espero que ajudem nos seus estudos! Até a próxima!





Análise das obras

do vestibular 
UFMG/2011

Prof. Cláudio Adriano





  • Segue a linha do romântico Manuel Antônio de Almeida; do mestre do realismo, Machado de Assis; e dos pré-modernistas Lima Barreto e João do Rio. É uma prosa urbana moderna. 
  • Marques Rebelo utiliza-se das armas do distanciamento e da ironia, que usa nos melhores momentos de sua ficção. 
  • Pode ser classificado  como um romance neo-realista.  
  • Seu mundo é o de gente simples, mocinhas aventureiras, pequenos funcionários, caixeiros-viajantes, donas-de-casa, estudantes, malandros, marinheiros, boêmios, sambistas, cujos pequenos dramas são focados numa prosa “tensa e lírica", cuja naturalidade resulta de sutil estilização dos valores da linguagem coloquial, sobretudo nos diálogos.

Leniza Maier

  • Moça suburbana 
  • Sonha com o sucesso como cantora. 
  • Sua jornada rumo em busca do sucesso é marcado por percalços e dilemas morais: ignorar todos que significam obstáculo para sua ascensão, porém sofre com a nostalgia do seu passado.
  •  Engravida e aborta, chega à beira do delírio e da morte, porém salva-se.
  • O fim do livro não significa que sua crise terminou. Antes de encerrar convencionalmente a história, porém, o autor prefere deixá-la em aberto. Diz o narrador: “... aqui termino a história de Leniza. Não a abandonei, mas, como romancista perdi-a".
  • A cidade do Rio de Janeiro é alegorizada através da personagem Leniza. 
  • A trajetoria conflituosa carregada de perplexidades, angústias, alegrias da personagem representam características da própria cidade.
  • A ascensão de Leniza como cantora representa a modernização da sociedade e o preço que se paga para atingi-la. 
  • A fama, antiga deusa grega que significa voz pública é a voz principal do romance. 
  • Leniza é uma metáfora da vox populi.


Em busca da fama: O primeiro degrau

  • Pai: Seu Martin, relojoeiro, descedente de alemães, que nunca tivera negócio próprio
  • Mãe: Dona Manuela, “mestiça deisfarçada”, orfã e criado de favor pela família de um coletor federal da qual se tornou cozinheira. Pulou de casa em casa fazendo serviços domésticos até se casar.
  • A hereditariedade e o contexto sócio-econômico já se apresentam como o primeiro obstáculo para Leniza, pois os mesmo estão na contramão de seus sonhos.
  • O sálario do pai não cobre todas as despesas da casa, Dona Manuela então se desdobra para contribuir lavando, passando e cosendo.
  • Ao oito anos perde o pai. Mãe e filha são amparadas por uma comadre que tem uma espécie de pensão. O imóvel pertence a Seu Gonçalves que também era o dono do armazém.
  • Os quartos eram ocupados, na maioria por rapazes, que torna o ambiente promíscuo e vulgar, propício ao erotismo.
  • A comadre morre e a mãe fica controlando a pensão, porém resolve moralizá-la, limitando um ocupante por quarto, o que faz a receita cair sensivelmente. Leniza estava com 14 anos.
  • Para aumentar a receita, a mãe arruma emprego para a filha em uma fábrica de balas. O narrador já aponta o caráter opressor desse espaço para as mulheres: submissas à vaidade e luxúria do responsável pela seção.
  • Leniza resiste as investidas de seu superior e é demitida. De certa forma sai do ocorrido como uma defensora do tradicionalismo e moralismo, o que não se mantém no restante da obra.
  • Três dias depois a mãe lhe arranja outro emprego em uma farmácia. Leniza aprende rápido o serviço. Mais uma vez as condições de trabalho e a exploração da mão de obra feminina é exposta, pois as empregadas serviam de cobaias para as fórmulas do farmacéutico.
  • Começa e termina o turbulento namoro com Astério. A briga final é manchete de jornais. 
  • O contato com a vida citadina, uma nova realidade, provoca o maravilhamento de Leniza. Bailes, cafés, cinemas despontam em Leniza o gosto pelo luxo, pelo status social e pelo poder de compra. As luzes da cidade haviam fisgado nossa pequena mariposa.
      
  • Com a chegada de um novo chefe na farmácia, com uma visão para negócio muito maior, Leniza ganha, por seu físico e por sua inteligência. (Vender remédios, vendendo a si).
  • O novo trabalho abre definitivamente as portas para  o contato da personagem com a rua e alimenta ainda mais o gosto burguês que ela já nutria.
Começou uma outra vida – oh! –, uma boa vida. Afinal, quem não ama a liberdade? Tinha obrigações, é certo – visitar dez médicos. Às vezes, com chuva, era bem cruel. Mas sempre era uma espécie de liberdade andar na rua, não ter horas certas, conversar com este, conversar com aquele, conhecer gente, ver passar gente (...) e como é bom parar nas vitrinas – milhões de objetos que nos despertam os mais impressentidos desejos –, admirar os cartazes dos cinemas, entrar nos cafés, tomar refrescos, e em toda a parte ouvir piadas, convites, sentir o olhar dos homens desejá-la, desnudá-la, persegui-la.
  • O encanto com a cidade provoca o desconforto com sua condição socioeconômica. 
  • A narrativa para descrever o morro da Saúde com mais melancolia, materializando a insatisfação de Leniza
  • O contraste dos espaços na obra é um espelho da própria personagem. Dividida entre a pobreza e o luxo.  Um retrato do Rio de Janeiro da década de 30.


  • Para a vaga de Astério, que muda de estado, aparece um novo hóspede: um quarentão chamado Alberto, homem pacato, que trabalhava de porteiro de uma companhia de seguros. Tocador de violão, incentivará Leniza a tentar carreira de cantora.
  • Nas suas visitas aos consultórios faz muitos “amiguinhos”, entre eles o Dr. Oliveira, que se apaixona por ela e lhe propõe não propriamente um casamento, mas uma casa montada. Ela recusa todas as propostas afins. Quer ser livre.
  • Com a idéia fixa em ser cantora, conhece o seu primeiro amante: Mário Alves, galanteador vendedor de rádio. Leniza vê a sua senha para entrar no mundo artístico. Mário apenas a enxerga como mais uma conquista.
  • Mário é a personificação do Malandro o que é um contraponto a Dr. Oliveira. Este alerta Leniza sobre a índole do colega de infância.
  • Oliveira segue Leniza em seu novo encontro com Mário e a chama de vagabunda e ela responde que por seguir vagabundas ele não fica atrás. Eles se declaram um para o outro, mas não passam de um beijo.
  • Mário procura Porto, da rádio Metrópolis, e ao lado do contente Alberto vai escolhendo alguns sambas para cantar.
  • Oliveira insiste com Leniza mostrando-lhe um casal com filhos, o que não chama a atenção da moça. Mais tarde, alertada pelo médico faz alusão sobre família e filhos a Mário que diz que está se separando.
  • Porto promete um salário de 600 mil réis na rádio. Entusiasmada entrega-se a Mário. Logo após fica enjoada, não quer saber de se prender a ninguém. Seu medo é de engravidar.
  • Leniza faz seus planos de comprar mais roupas, rádio etc. A mãe enxerga na filha as características do pai.
  • Demite-se do seu emprego. Faz compra na loja de seu Nagib e faz roupa com a costureira Judith. Mente que está de férias e descobre que Oliveira era muito endividado, o que a faz lembrar de seu pai.
  • Leniza é apresentada a outras artistas na Rádio. Começa a tratar secamente Mário. Ironicamente a vizinhança tratava e cumprimentava a moça pelo início de carreira.
  • Leniza procura Oliveira e descobre que ele tem problemas com o jogo, como seu Martin. Ela chora e decide prosseguir com sua carreira. Mário fica apreensivo ao saber que ela largara o emprego, sabendo que o salário na rádio não era garantido. 
  • Leniza entrega-se pela segunda vez a Mário e mente para sua mãe que passara a noite na casa de Marlene, uma cantora da rádio. Ganha um rádio de segunda mão e agradece ironicamente trocando o nome de Mário pelo o de Oliveira.
  • Porto também cobiça Leniza. Mostra os jornais com notícias sobre sua estréia. A cantora mostra para Oliveira que não gosta e considera que “era o fim”. Ela se entrega mais uma vez a Mário.
  • Leniza procura o fotógrafo Wangel. A cantora Dulce a assedia e lhe aconselha: “Cada um por si, os outros que se danem”. O ambiente é marcado pelas aparências, de falso luxo, como o relógio quebrado, mas ainda usado; e o cacoete da cantora Nair de usar expressões inglesas.
  • Porto fala para Leniza de outros homens que a desejavam. Ela afirma não ter compromisso com Mário e aceita conhecer o rico, casado e mulherengo Amaro Santos.
  • No apartamento da cantora Neusa, levada por Dulce, Leniza entra em contato com vários artistas de rádio e sente o ambiente de ironia e crítica. Dulce discute com Neusa e vai embora levando Leniza e começando a seduzi-la.
  • Dulce passa a cobrir a diferença do salário prometido (600 mil-réis) e o recebido (200 mil-réis). Leniza rompe com Mário e muda-se com a mãe e seu Alberto para um apartamento na rua Riachuelo. Encontra casualmente com Oliveira e trocam ironias.
  • Ela se envergonha da vida que estava vivendo. Dulce continua compensar o salário da rádio que Leniza não recebia. Sob a desconfiança da mãe, Leniza rompe com a amante e resolve se entregar ao rico Amaro que estava viajando.
  • Leniza vira amante de Porto. Quando a mãe adoece e a despesa aumenta, entrega-se a Amaro e Porto se magoa. Ela muda-se de rádio, indo para Continental. Gravara seu primeiro disco e sua foto aparece em revista.
  • Sua nova relação a leva à depressão. Porto a evita, Oliveira só lhe trata com ironia e a mãe descobre, através de carta anônima que a filha era amante de um velho rico.
  • Seu contrato com a Continental lhe rende 500 mil-réis, porém ela gasta três vezes mais. 
  • A rádio Metrópolis fecha e porto muda-se para São Paulo.
  • Ignora Dulce quando a vê na rua.
  • Quando a carreria começa ganhar destaque, Leniza fica grávida de Amaro. Tenta buscar ajuda de Oliveira para fazer aborto, mas ele nega. Busca por Madame Consuelo, parteira que morava em São Cristovão.
  • A narrativa passa ser indicada por datas, sem mencionar o mês. Indo do dia 28 de um mês até o dia 13 de outro.
  • Leniza faz o aborto e as consequências são graves. Sente cólicas, desmaia, é atendida pelo Dr. Vasconcelos. A mãe não fala mais com ela, mas permanece ao seu lado.
  • Tem delírios onde vê Astério enfiando a faca em sua barriga. Aos poucos ela vai convalescendo, mas é deixada pela mãe. 
  • Pensa em Austério, que lhe chamava de cachorra, Mário sorria apenas apagado, Porto fraquíssimo.
  • Sente o corpo gasto e a alma gasta: Dulce, Amaro, tantos, tantos! 
  • Só seu Alberto é a voz mansa que nada quer, nada pede.
  • Busca a Igreja do Rosário, atrás de consolo religioso, mas encontra as protas fechadas. “O céu não me quer”




“Novamente mergulhou na onda humana, caudal de sofrimentos, inquietudes, aflições, incertezas, pecados. (...) A vida esperava-a era preciso viver. (...) Ainda era moça, muito moça. Ainda... Como agulha que o ímã atrai, foi-se encaminhando, os passos cada vez mais firmes, sempre mais firmes, para a Continetal”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário