segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Sudeste

Olá a todos! Iniciaremos nesta postagem uma viagem para todas as regiões do Brasil, estudando suas culturas, costumes e história. Para começar escolhi a região de minha terra natal Minas Gerais, o Sudeste do Brasil. Espero que todos gostem e não deixem de acompanhar os nossos próximos pontos de parada! Bom estudo a todos!








Minas Gerais é assim

Fiquei com saudade de um mundo que perdi (por culpa própria): o mundo do tempo comprido, arrastado (os paulistas ficam aflitos ouvindo a fala vagarosa e cantada dos mineiros....); dos móveis feitos a golpes de enxó, orgulhosos de sua rusticidade; das crianças de pés descalços na enxurrada; do cheiro dos cavalos suados; do frango com quiabo, angu e pimenta; do caldo de “ora-pro-nobis” com fubá; do café na canequinha de folha; da cadeira de vime à porta de casa; na rua, meninada brincando; meu pai fumando cachimbo; do banho de cachoeira; sobretudo, saudades do Mar de Minas.



O Mar de Minas não é no mar
O Mar de Minas é no céu
Pro mundo olhar para cima e navegar
Sem nunca ter um porto aonde chegar.....
Que coisa mais louca: uma “Maria Fumaça”
resfolegando e apitando sob o mar infinito.

Minas Gerais é assim: mistério........

Por: Rubem Alves / Cenas da vida.

Guignard - Paisagem Imaginante, óleo sobre madeira de 1950: inspirado por chineses, o pintor abole as noções clássicas de perspectiva e profundidade.

Ser Mineiro 

Ser Mineiro é não dizer o que faz, nem o que vai fazer.

É fingir que não sabe aquilo que sabe, é falar pouco e escutar muito, é passar por bobo e ser inteligente, é vender queijos e possuir bancos.

Um bom Mineiro não laça boi com embira, não dá rasteira no vento, não pisa no escuro, não anda no molhado, não estica conversa com estranhos, só acredita na fumaça quando vê fogo, só arrisca quando tem certeza, não troca um pássaro na mão por dois voando.

Ser Mineiro é dizer UAI, é ser diferente e ter marca registrada, é ter história.

Ser Mineiro é ter simplicidade e pureza, humildade e modéstia, coragem e bravura, fidalguia e elegância.

Ser Mineiro é ver o nascer do sol e o brilhar da lua, é ouvir o cantar dos pássaros e o mugir do gado, é sentir o despertar do tempo e o amanhecer da vida.
Ser Mineiro é ser religioso, conservador, é cultivar as letras e as artes, é ser poeta e literato, é gostar de política e amar a liberdade, é viver nas montanhas, é ter vida interior.

É ser gente .

Guimarães Rosa


Em 1924 um grupo de intelectuais paulistas ligado à Semana de Arte Moderna fez uma histórica viagem às cidades coloniais mineiras. Entre os integrantes estavam Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e o poeta franco-suíço Blaise Cendrars, que, paradoxalmente, fez o papel de mediador, através do qual os paulistas começaram a ver o Brasil com outros olhos — como matéria-prima e objeto de reflexão para a arte moderna.




Aproximação da capital



Trazem-nos poemas no trem
Azuis e vermelhos
Como a terra e o horizonte
É um hotel rigorosamente familiar
Que oferece vantagens reais
Aos dignos forasteiros
Havendo o máximo escrúpulo na direção da cozinha

Casas defendem o vosso próprio interesse
Proporcionando-vos uma economia
De 2$000, de 3$000

Impermeáveis
Borzeguins
Pijamas



A viagem inicia-se em São João del-Rei, onde o grupo chega de trem na Semana Santa. Visitam a cidade e também Tiradentes com o entusiasmo de redescobridores do Brasil colonial. Por toda parte encontram calma, simplicidade, a paisagem bucólica e no passado distante uma produção artística enraizada na cultura mineira do século XVIII.




Capela nova

Salão Mocidade
Hotel do Chico
Uma igreja velha e cor-de-rosa
Na decoração dos bananais
Dos coqueirais


A viagem constitui um marco especialmente determinante na poesia de Oswald e na pintura de Tarsila. Visitar o passado e redescobrir Minas Gerais foi fundamental para a criação do movimento artístico pau-brasil, que tinha por objetivo desmontar a eloqüente retórica importada do século XIX e conferir à nossa arte um sentido novo e uma dimensão brasileira.



Metalúrgica

1.300 à sombra dos telheiros retos
12.000 cavalos invisíveis pensando
40.000 toneladas de níquel amarelo
Para sair do nível das águas esponjosas
E uma estrada de ferro nascendo do solo
Os fornos entroncados
Dão o gusa e a escória
A refinação planta barras
E lá em baixo os operários
Forjam as primeiras lascas de ferro


Por toda terra que passo
Me espanta tudo o que vejo
A morte tece seu fio
De vida feita ao avesso

O olhar que prende anda solto
O olhar que solta anda preso
Mas quando eu chego eu me enredo
Nas tranças do teu desejo

O mundo todo marcado
A ferro, fogo e desprezo
A vida é o fio do tempo
A morte é o fim do novelo

O olhar que assusta anda morto
O olhar que avisa anda aceso
Mas quando eu chego eu me perco
Nas tramas do teu segredo 

Ê, Minas... Ê, Minas... É hora de partir
Eu vou 
Vou-me embora pra bem longe

A cera da vela queimando
O homem fazendo o seu preço
A morte que a vida anda armando
A vida que a morte anda tendo

O olhar mais fraco anda afoito
O olhar mais forte, indefeso
Mas quando eu chego eu me enrosco
Nas cordas do teu cabelo

Ê, Minas... Ê, Minas... É hora de partir 
Eu vou
Vou-me embora pra bem longe




Cultura do Sudeste

  • A formação cultural da Região Sudeste é bastante diversificada em razão do poder econômico concentrado, principalmente nos grandes centros urbanos, e pela diversidade de atrativos naturais do litoral, das regiões históricas do interior de Minas Gerais ou, ainda, pela agricultura do interior de São Paulo. 
  • Basicamente, de origem portuguesa; 
  • Forte influência das diversas colônias de imigrantes, com destaque para os italianos e japoneses;
  • A influência indígena e africana são marcadas na música e na culinária da região. 
  • Com formação cultural tão diversificada, ocorreu a mudança de hábitos e costumes que estão provocando a quebra de paradigmas na demanda por bens de capital e bens de consumo.


Arquitetura e patrimônio histórico

  • São Paulo – Estação da Luz, Museu da Arte, Porto de Santos 
  • Rio de Janeiro – Pão de Açúcar, Cristo Redentor 
  • Minas Gerais – Igreja São Francisco, Casa de Chica da Silva, Casa dos Contos
  • Espírito Santo – Catedral Metropolitana, Ponte Darcy Castelo de Mendonça



Culinária

  • A culinária do Sudeste é muito rica e diversa, variando de estado para estado. 
  • No Rio de Janeiro a comida típica é a feijoada. 
  • Minas Gerais tem uma das cozinhas mais expressivas do país, incluindo pratos como o pão de queijo, tutu de feijão, feijão tropeiro, angu, etc. 
  • No Espírito Santo, o prato típico é a moqueca. 
  • São Paulo não possui uma cozinha típica, dado que cada comunidade de imigrantes manteve seus hábitos alimentares, muito embora a influência italiana seja predominante. O prato mais consumido em São Paulo é a pizza.

Origem dos Pratos Típicos do Sudeste

A feijoada é um prato com origem no Norte de Portugal, onde é feito com feijão branco no noroeste português ou feijão vermelho no nordeste lusitano e, geralmente, inclui outros também outros vegetais (tomate, cenouras ou couve) juntamente com a carne de porco ou de vaca.
Nas referências históricas sobre o cardápio dos escravos, constatamos a presença inequívoca do angu de fubá de milho, ou de farinha de mandioca, além do feijão temperado com sal e gordura, servido muito ralo e a ocasional aparição de algum pedaço de carne de vaca ou de porco. 
Sobre a feijoada não há nenhum registro de presença no cardápio dos escravos.


O pão-de-Abraão dos hebreus e babilônicos tornou-se o alimento de pessoas pobres do sul da Itália, quando, próximo do início do primeiro milênio, surge o termo "picea", na cidade de Nápoles, considerada o berço da pizza. 
Chegou ao Brasil da mesma forma, por meio dos imigrantes italianos e foi no Brás que as primeiras pizzas começaram a ser comercializadas no Brasil.


A moqueca é um prato tipicamente brasileiro.
De origem indígena, e originalmente feita numa grelha de varas ou ainda apenas folhas de árvores cobertas por cinzas quentes (o que era chamado moquém). 
Modo de preparo também presente nos rituais antropofágicos, ou seja, rolou moqueca de português entre os Tupinambás



A origem do pão de queijo é incerta, especula-se que exista desde o século XVIII e se confunde com a própria origem da culinária mineira.

Em tempo de crise recorreu-se à cultura indígena: primeiro surgiu a goma, vindo da mandioca sob a forma do polvilho doce ou azedo; depois a gordura de  porco, o sal, o ovo, o leite, a nata, a manteiga e por último o queijo, que aos poucos incorporou-se  ao  biscoito  de goma moldados sob a forma de pequenas bolinhas e finalmente assados.



Artes Visuais
  • Amilcar de Castro (Minas Gerais)
  • Yara Tupynambá (Minas Gerais)
  • Tarsila do Amaral - (São Paulo) 
  • Candido Portinari - (São Paulo / Rio de Janeiro) 
  • Alfredo Volpi - (São Paulo) 
  • Emiliano de Cavalcanti - (Rio de Janeiro)


Almicar de Castro, escultor, desenhista e diagramador. Famoso por suas esculturas neoconcretas, feitas
com chapas de aço e ferro recortadas em formato geométrico.


Yara Tupynambá


A arte de Yara Tupynambá reflete os ícones das Minas Gerais por todos os lados. Não importa a técnica, seu domínio e perfeccionismo sempre se fazem presentes, seja na pintura, nas gravuras, desenhos e murais.



Música

  • Na música, entre outros, o Sudeste destaca-se através da obra de:
  • Antônio Carlos Jobim (Bossa Nova)
  • Cazuza (MPB e Rock)
  • Chico Buarque de Holanda (Bossa Nova, Samba, MPB)
  • Lulu Santos (Pop, Reggae, Funk, MPB)
  • Skank, Pato Fu, Jota Quest (Pop, Reggae, Funk, MPB)
  • Martinho da Vila (Samba)
  • Renato Russo (Rock, Musica Italiana)
  • Vinicius de Moraes (Bossa Nova, Samba, MPB)




Samba da Benção - Vinicius de Moraes

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não

Senão é como amar uma mulher só linda
E daí? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão


Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não
E as mãos cheias de perdão
Ponha um pouco de amor na sua vida
Como no seu samba

Feito essa gente que anda por aí
Brincando com a vida
Cuidado, companheiro!
A vida é pra valer
E não se engane não, tem uma só
Duas mesmo que é bom
Ninguém vai me dizer que tem
Sem provar muito bem provado
Com certidão passada em cartório do céu
E assinado embaixo: Deus
E com firma reconhecida!
A vida não é brincadeira, amigo
A vida é arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida
Há sempre uma mulher à sua espera
Com os olhos cheios de carinho
E as mãos cheias de perdão


Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não
Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração




Manuel, o audaz - Clube da Esquina

Se já nem sei
O meu nome
Se eu já não sei parar
Viajar é mais
Eu vejo mais
A rua, luz, estrada, pó
O jipe amarelou
Manoel, o audaz
Manoel, o audaz
Manoel, o audaz, vamos lá
Viajar
E no ar livre
Corpo livre
Aprender ou mais, tentar
Manoel, o audaz
Manoel, o audaz
Iremos tentar
Vamos aprender
Vamos lá




Para Lennon e McCartney - Milton Nascimento

Por que vocês não sabem do lixo ocidental?
Não precisam mais temer / Não precisam da solidão
Todo dia é dia de viver

Por que você não verá meu lado ocidental?
Não precisa medo não / Não precisa da timidez
Todo dia é dia de viver

Eu sou da América do Sul  / Eu sei, vocês não vão saber
Mas agora sou cowboy / Sou do ouro, eu sou vocês
Sou do mundo, sou Minas Gerais

Por que vocês não sabem do lixo ocidental?
Não precisam mais temer / Não precisam da solidão
Todo dia é dia de viver

Eu sou da América do Sul / Eu sei, vocês não vão saber
Mas agora sou cowboy / Sou do ouro, eu sou vocês
Sou do mundo, sou Minas Gerais



Um Samba No Bixiga - Adorian Barbosa

Domingo nós fumo num samba no bixiga
Na rua major, na casa do Nicola
A mesa não deu conta
Saiu uma baita duma briga
Era só pizza que avuava junto com as braxola
Nóis era estranho no lugar
E não quisemo se meter
Não fumos lá pra briga, nós fumo lá pra comê
Na hora "h" se enfiemo de baixo da mesa
Fiquemo ali, que beleza vendo a Nicola brigá
Dali a pouco escutemo a patrulha chegá
E o sargento Oliveira falá
Num tem importância
Foi chamada as ambulância
Carma pessoal,
A situação aqui está muito cínica
Os mais pior vai pras clínica




Folclore


  • Danças:
    • Fandagos
    • Folia de reis
    • Catira
    • Batuque

  • Lendas:
    • Lobisomem
    • Mula-sem-cabeça
    • Iara
    • Lagoa Santa

Congada
Congada – Folguedo de formação afro-brasileira, em que se destacam as tradições históricas, os usos e costumes tribais de Angola e do Congo, com influência ibérica no que diz respeito à religiosidade. Lembra a coroação do Rei Congo e da rainha Ginga de Angola, com a presença da corte e seus vassalos. Representam teatralmente a luta entre mouros(vermelho) e cristãos(azul). As violas, o canzá (reco-reco), caixas, tambores, acompanham os cantadores.


Fandango
Fandango – é o folguedo dos marujos ou Marujada. É representado no ciclo do Natal, com personagens vestindo fardas oficiais da Marinha e marinheiros, cantando e dançando ao som de instrumento de corda. É uma manifestação brasileira, porém tem suas origens, principalmente nos temas e na música, enraizada na cultura portuguesa.

Batuque
Batuque – Denominação genérica dada pelos portugueses, a toda dança de negros na África. Era considerada uma dança indecorosa, por apresentar movimentos lascivos, principalmente a umbigadas. Lembrando o semba, expressão que significa, genericamente, bater no umbigo do outro, e que deu origem ao samba.


“Batuque na cozinha 
Sinhá num qué
Por causa de um batuque
Queimei meu pé”


Folia de Reis













Folia de reis – Tem origem nas festas populares da Europa (Portugal, Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Itália etc) dedicado aos três Reis Magos. Com indumentária própria visitam os amigos ou pessoas conhecidas na tarde e noite do dia 5 de janeiro (véspera do dia de Reis).

“Ó de casa, nobre gente,
Escutai e ouvireis,
Lá das bandas do Oriente
São chegados os três Reis”






Literatura Mineira


  • Autran Dourado
  • João Guimarães Rosa 
  • Fernando Sabino 
  • Carlos Drummond de Andrade 
  • Adélia Prado
  • Murilo Rubião 
  • Rubem Fonseca
  • Ziraldo
  • Pedro Nava 
  • Murilo Mendes
  • Darcy Ribeiro 
  • Roberto Drummond 
  • Fernando Morais – Autor de: A Ilha, Olga, Chatô, o Rei do Brasil
  • Fernando Gabeira - Escreveu O Que É Isso, Companheiro?
  • Affonso Romano de Sant'Anna 
  • Mário Prata - Autor de: Sem lenço, sem documento, Estúpido cupido entre outros.


Guimarães Rosa

“O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem...”

“Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando."


Fernando Sabino

“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

“Não confio em produto local. Sempre que viajo levo meu uísque e minha mulher.”

“Para os pobres, é dura lex, sed lex. A lei é dura, mas é a lei. Para os ricos, é dura lex, sed latex. A lei é dura, mas estica”


Confidencias do Itabirano



Leia o excerto do poema abaixo:
"Tive ouro, tive gado, tive fazendas
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede
Mas, como dói!"
(Carlos Drummond de Andrade / CONFIDÊNCIAS DE ITABIRANO)

Assinale a alternativa correta em relação ao poeta :

a) Foi um poeta que tratou de assuntos brasileiros a regionais (no texto anterior, fala sobre Minas Gerais) tratando de forma folclórica e exótica.
b) Versejou sempre de acordo com a poética tradicional, respeitando a métrica e rima.
c) Sua maturidade poética deixou de lado a precisão da linguagem e o aprofundamento da visão de mundo.
d) A sua poesia tem como pólos o EU e o mundo; no primeiro sobressaem os temas do passado (a família e a província) e o amor, caracterizado pela carência.
e) O poeta explora as profundezas do EU, porém não se preocupa com o social, canta o egocentrismo e interroga sobre o sentido de vida.


Resposta Correta:

d) A sua poesia tem como pólos o EU e o mundo; no primeiro sobressaem os temas do passado (a família e a província) e o amor, caracterizado pela carência.



A rosa do povo representa, na poesia de Drummond, uma tensão entre a participação política e adesão às utopias esquerdistas, de um lado, e a visão cética e desencantada, de outro lado. Não devemos entender esta duplicidade (esperança versus pessimismo) como contraditória.

(...) Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.

Carlos Drummond de Andrade


Em 1945 Carlos Drummond de Andrade escreveu A ROSA DO POVO, da qual o fragmento apresentado faz parte. Nela podemos verificar que:

a) uma análise do comportamento humano, na relação cidade e campo.
b) apenas uma teoria de sua própria produção poética.
c) uma reflexão sobre os valores teológicos e metafísicos do homem contemporâneo.
d) uma predileção por temas eróticos e sensuais.
e) uma temática social e política e uma denúncia das dilacerações do mundo.


Resposta Correta:

e) uma temática social e política e uma denúncia das dilacerações do mundo.



Adélia Prado

Pranto para comover Jonathan

Os diamantes são indestrutíveis?
Mais é meu amor.
O mar é imenso?
Meu amor é maior,
mais belo sem ornamentos
do que um campo de flores.
Mais triste do que a morte,
mais desesperançado
do que a onda batendo no rochedo,
mais tenaz que o rochedo.
Ama e nem sabe mais o que ama.






Murilo Mendes

O utopista

Ele acredita que o chão é duro
Que todos os homens estão presos
Que há limites para a poesia
Que não há sorrisos nas crianças
Nem amor nas mulheres
Que só de pão vive o homem
Que não há um outro mundo.





Amor - O Interminável Aprendizado
Affonso Romano de Sant'Anna



Literatura Paulista

  • Álvares de Azevedo
  • Cassiano Ricardo 
  • Haroldo e Augusto de Campos 
  • Ignacio de Loyola Brandão 
  • Marcelo Rubens Paiva 
  • Mário de Andrade 
  • Monteiro Lobato 
  • Orígenes Lessa 
  • Oswald de Andrade 
  • Raduan Nassar 
  • Ruth Rocha 
  • Zulmira Ribeiro Tavares

Esta gramática, pois que gramática implica no seu conceito o conjunto de normas com que torna consciente a organização de uma ou mais falas, esta gramática parece estar em contradição com o meu sentimento. É certo que não tive jamais a pretensão de criar a Fala Brasileira. Não tem contradição. Só quis mostrar que o meu trabalho não foi leviano, foi sério. Se cada um fizer também das observações e estudos pessoais a sua gramatiquinha muito que isso facilitará pra daqui a uns cinquenta anos se salientar normas gerais, não só da fala oral transitória e vaga, porém da expressão literária impressa, isto é, da estilização erudita da linguagem oral. Essa estilização é que determina a cultura civilizada sob o ponto de vista expressivo. Linguístico.

ANDRADE, Mário. Apud PINTO, E. P. A gramatiquinha de Mário de Andrade: texto e contexto. São Paulo: Duas Cidades: Secretaria de Estado da Cultura, 1990 (adaptado)


O fragmento é baseado nos originais de Mário de Andrade destinados à elaboração da sua Gramatiquinha. Muitos rascunhos do autor foram compilados, com base nos quais depreende-se do pensamento de Mário de Andrade que ele

a) demonstra estar de acordo com os ideais da gramática normativa.
b) é destituído da pretensão de representar uma linguagem próxima do falar.
c) dá preferência à linguagem literária ao caracterizá-la como estilização erudita da linguagem oral.
d) reconhece a importância do registro do português do Brasil ao buscar sistematizar a língua na sua expressão oral e literária.
e) reflete a respeito dos métodos de elaboração das gramáticas, para que ele se torne mais sério, o que fica claro na sugestão de que cada um se dedique a estudos pessoais.


Resposta Correta:

d) reconhece a importância do registro do português do Brasil ao buscar sistematizar a língua na sua expressão oral e literária.


Álvares de Azevedo, representante da segunda geração do Romantismo brasileiro.


Namoro a Cavalo 
  
Eu moro em Catumbi. Mas a desgraça 
Que rege a minha vida malfadada 
Pôs lá no fim da rua do Catete 
A minha Dulcinéia namorada. 
  
Alugo (três mil réis) por uma tarde 
Um cavalo de trote (que esparrela!) 
Só para erguer meus olhos suspirando 
À minha namorada na janela... 
  
Todo o meu ordenado vai-se em flores 
E em lindas folhas de papel bordado, 
Onde eu escrevo trêmulo, amoroso, 
Algum verso bonito... mas furtado.




Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã*!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
 
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã*...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!"

Louçã: graciosa, encantadora
Afã: vontade, ânsia 


(UEL – 2002 adaptado) O fragmento do poema abaixo pertence à segunda parte da obra Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo. Leia-o, analise as afirmativas que o seguem e assinale a alternativa correta.

É ela! É ela! É ela! É ela!

É ela! É ela! – murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou – é ela!
Eu a vi — minha fada aérea e pura –
A minha lavadeira na janela!
[...]
Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!

Afastei a janela, entrei medroso:
Palpitava-lhe o seio adormecido...

Fui beijá-la... roubei do seio dela
Um bilhete que estava ali metido...

Oh! Decerto... (pensei) é doce página
Onde a alma derramou gentis amores;
São versos dela... que amanhã decerto
Ela me enviará cheios de flores...
[...]
É ela! é ela! – repeti tremendo;
Mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta...
Oh! Meu Deus! era um rol de roupa suja!


a) O tema da mulher idealizada é constante na obra de Álvares de Azevedo. No poema em questão, a imagem da virgem sonhadora é simbolizada pela lavadeira, uma forma de denunciar os problemas sociais e, ao mesmo tempo, reportar a imagem feminina ao modelo materno.

b) No poema "É ela! É ela! É ela! É ela!", a musa eleita é uma lavadeira. Dizendo-se apaixonado, o eu-lírico a observa enquanto dorme e retira do seio da amada uma lista de roupa, que imaginara ser um bilhete de amor. Trata-se de uma forma melancólica de expressar a grandeza das relações humanas e representar a concretização do amor.

c) O poema, no conjunto das estrofes acima transcritas, revela tédio e melancolia. Esses sentimentos são reforçados pelo murmúrio do eu-lírico, "É ela! É ela!", ao visualizar sua amada.

d) O poema, no conjunto das estrofes acima transcritas, revela tédio e melancolia. Esses sentimentos são reforçados pelo murmúrio do eu-lírico, "É ela! É ela!", ao visualizar sua amada.

e) O emprego de termos elevados em referência à lavadeira, tais como "fada aérea e pura", é um fator que reforça o riso por associar a lavadeira a uma musa inspiradora e exaltadora da paixão. Trata-se, portanto, de um poema de linha irônica e prosaica, que revela os valores morais daquela época.

Resposta Correta:

e) O emprego de termos elevados em referência à lavadeira, tais como "fada aérea e pura", é um fator que reforça o riso por associar a lavadeira a uma musa inspiradora e exaltadora da paixão. Trata-se, portanto, de um poema de linha irônica e prosaica, que revela os valores morais daquela época.


Concretismo

Movimento vanguardista que surgiu na década de 50, inicialmente musical para depois alcançar a poesia e as artes plásticas. Defendia a racionalidade e rejeitava o Expressionismo e seu subjetivismo, o acaso, a abstração lírica e aleatória. Nas obras surgidas no movimento, não há intimismo nem preocupação com o tema, seu intuito era acabar com a distinção entre forma e conteúdo e criar uma nova linguagem.


Sua máxima expressão mundial é o grupo concretista de São Paulo, fundador da Revista "Noigandres", na década de 1950, liderado pelos irmãos Campos, Décio Pignatari e José Lino Grunewaldt.





Haroldo de Campos



Augusto de Campos



Arnaldo Antunes





Gonçalves Dias, um dos principais
nomes da 1° geração do Romantismo
no Brasil 


1° Geração

  • Nacionalismo,
  • Ufanismo,
  • Natureza,
  • Religião,
  • (Cristianismo),
  • Indianismo / Medievalismo.




Álvares de Azevedo, representante
 da 2° geração do Romantismo
no Brasil

2° Geração

  • Mal do século,
  • Evasão,
  • Solidão,
  • Profundo pessimismo,
  • Anseio da morte.




3° Geração
Castro Alves, grande poeta
da 3° geração do Romantismo
no Brasil

  • Condoreirismo
  • Liberdade,
  • Oratória de reivindicação,
  • Transição para o parnasianismo,
  • Literatura social e engajada.






Realismo





Vinicius de Moraes
1913 - 1980





  • Poeta da segunda fase do Modernismo;
  • A fase inicial:  religiosidade e misticismo neo-simbolistas.
  • Segunda fase: amor, dia-a-dia, valorização do momento.







Soneto de Fidelidade / Vinicius de Moraes



De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.



Leia o poema abaixo e assinale a alternativa correta.



Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.




O poema A rosa de Hiroxima, de Vinícius de Moraes, encontra-se no livro Nossa senhora de los Ángeles, escrito durante a permanência do poeta nos Estados Unidos (de 1946 a 1950), e traz uma reflexão política. Em que medida esses versos podem se correlacionar com o episódio dos atentados terroristas contra os Estados Unidos, em que se deu a queda das torres do World Trade Center e de parte do Pentágono, em 11 de setembro de 2001?


a) O poema se correlaciona com esse fato porque antecipa o episódio ocorrido em 2001, uma vez que se refere à bomba atômica lançada sobre Hiroxima, pelos americanos, na época da Segunda Guerra Mundial. O poeta alerta para uma possível vingança por parte dos que sofreram a violência da guerra.


b)  No poema há um contraste entre o mundo oriental e o mundo ocidental, que justifica o ataque atômico feito à cidade de Hiroxima.

c) O sujeito lírico é tomado por um espírito antiamericano que vai expressamente de encontro às posturas imperialistas adotadas pelos Estados Unidos.


d) Não é possível estabelecer nenhuma correlação, pois o poema A rosa de Hiroxima é um texto lírico e, como tal, não fala de violência, enquanto os atentados ocorridos contra os Estados Unidos, em 2001, são fatos terroristas que trazem à tona a questão da violência.

e) O poema demonstra um sujeito lírico movido pelo sentimento antiviolência, que alerta para as conseqüências das ações bélicas praticadas durante a Segunda Guerra Mundial. Por isso, o poema é atual, uma vez que o mesmo sentimento pacifista ressurge em face dos atentados terroristas de 2001 e de seus desdobramentos.


Resposta Correta:

e) O poema demonstra um sujeito lírico movido pelo sentimento antiviolência, que alerta para as conseqüências das ações bélicas praticadas durante a Segunda Guerra Mundial. Por isso, o poema é atual, uma vez que o mesmo sentimento pacifista ressurge em face dos atentados terroristas de 2001 e de seus desdobramentos.



Poetas Marginais



Chacal
Cacaso

















Leia os poemas abaixo:




Pronto pra outra

gravei seu olhar seu andar
sua voz seu sorriso.
você foi embora
e eu vou na papelaria
comprar uma borracha.
(CHACAL. "Drops de abril". 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 87.)



Happy End

o meu amor e eu
nascemos um para o outro
agora só falta quem nos apresente

(CACASO. "Beijo na boca". Rio de Janeiro: 7 Letras, 2000. p.13.)


Sobre os poemas, é correto afirmar:

a) Ambos redimensionam a desilusão amorosa tanto através da elevação espiritual quanto do recurso a elementos prosaicos.

b) Ambos focalizam a temática amorosa, despertando as atenções para o eu-lírico, que sofre transformações decisivas do passado para o futuro. 

c) Ambos ignoram a temática amorosa, preferindo dar ênfase aos assuntos cotidianos, como na poesia marginal em geral.

d) Ambos enfocam a temática amorosa, através da ironia que minimiza diferenças entre passado, presente e futuro.

e) Ambos ridicularizam a desilusão amorosa, embora continuem professando a fé no amor definitivo que não será superado sequer pela morte.


Resposta Correta:

d) Ambos enfocam a temática amorosa, através da ironia que minimiza diferenças entre passado, presente e futuro.



Literatura Capixaba


"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:

"Eu sou lá de Cachoeiro..."








Um comentário:

  1. Genteeeeeeeeee preciso da literatura ainda hojeeeeeeeeeeee!!!!!!!

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