segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Realismo








O Realismo fundou uma Escola artística que surge no século XIX em reação ao Romantismo e se desenvolve baseada na observação da realidade, na razão e na ciência. Além de uma oposição a um realismo fotográfico.

O Realismo é um movimento artístico surgido na França, e cuja influência se estendeu a numerosos países europeus. Esta corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais, sendo também objeto de ação contra o capitalismo progressivamente mais dominador. Das influências intelectuais que mais ajudaram no sucesso do Realismo denota-se a reação contra as excentricidades românticas e contra as suas falsas idealizações da paixão amorosa.

Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora e idealizada da vida como fizeram os românticos; era preciso mostrar a face nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.

Uma característica comum ao Realismo é o seu forte poder de crítica, porém sem subjetividade. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural. Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. Em lugar de fugir à realidade, os realistas procuram apontar falhas como forma de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos.



"O capital atropela não apenas os limites máximos morais, mas também os puramente físicos na jornada de trabalho. Usurpa o tempo para o crescimento, o desenvolvimento e a manutenção sadia do corpo. Rouba o tempo necessário para o consumo de ar puro e luz solar.“

(Marx - O capital,1867)






Artistas do Realismo
  • Édouard Manet 
  • Gustave Courbet 
  • Honoré Daumier 
  • Jean-Baptiste Camille Corot 
  • Jean-François Millet 
  • Theódore Rousseau

   
Realismo 
  • Segundo Reinado (discussão da identidade nacional)
  • Enbranquecimento da raça brasileira, fim da "lenda" da mistiçagem
  • Composição estável, personagens em 1º plano e sensação de profundidade (o varal); iluminação difusa
  • Óleo sobre tela






   



  • Romantismo Acadêmico
  • Início da República Velha; a Academia Imperial vira Escola Nacional de Belas Artes (1892)
  • Resgate da figura de Tiradentes como herói dos ideais republicanos, propaganda política, comparação de Tiradentes com Cristo (como "salvador")
  • Sobreposição de triângulos, 1º plano destacado, 2º plano como linha do horizonte, peso visual equilibrado (simetria)






  
  • Realismo
  • Final do séc XIX e início do XX (1ª obra pré-modernista)
  • Ruptura com temas históricos/mitológicos/religiosos e início de um realismo voltado para a burguesia. O tema mesmo é simples: desentendimento de um casal, impassibilidade do marido e agonia da mulher, comparada à rosa, jogada ao chão.
  • Assimetria, elemento central (corpo da mulher) criando uma diagonal dinâmica; realce na decoração do ambiente; ambiente fechado, iluminação difusa e artificial; preocupação com padronagens (tecidos, texturas)
  • Óleo sobre tela


Hiper-Realismo







  • Hiper-realismo ou fotorrealismo é um estilo de pintura e escultura, que procura mostrar uma abrangência muito grande de detalhes, tornando a obra mais detalhada do que uma fotografia ou do que a própria realidade.  
  • As obras hiper-realistas, por apresentarem uma exactidão de detalhes bastante minuciosa e impessoal, geram um efeito de irrealidade, formando o paradoxo: "É tão perfeito que não pode ser real".
  • Teve início em 1968, expandindo-se no início dos anos 70, tendo grande popularidade em Inglaterra e nos Estados Unidos.

 Características
- Precisão de detalhes. (Sombra, luz, brilho, textura, ...)
- Temas da realidade. (Pessoas, paisagens, animais, ...)
- Uso de imagens “pré-fabricadas”.
- Cor realista

Realismo na Literatura

       
  • Os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade, a face nunca antes revelada, a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.
  • O escritor Gustave Flaubert, ao publicar Madame Bovary, foi processado por imoralidade, embora absolvido da acusação, demorou muito para que o público aceitasse sua perspectiva literária (características dos textos realistas).




Realismo no Brasil
  • No Brasil, esse contexto se inicia em 1881, com Machado de Assis, que publica Memórias póstumas de Brás Cubas (primeiro romance realista do Brasil).
  • Durante o período de passagem do Romantismo para o Realismo , o Brasil sofreu inúmeras mudanças na história econômica, política e social.
  • O Realismo encontrou no Brasil uma realidade propícia para a ascensão da literatura, já que escritores como Castro Alves e José de Alencar haviam preparado o terreno.
  • O Realismo apresenta características que refletem o momento em que surge. É fiel ao representar o mundo exterior, analisa as condições políticas, econômicas e sociais que influenciam os comportamentos individuais e determinam a organização social.
Características
  • Objetivismo 
  • Retrato fiel da Natureza 
  • Descrições e adjetivação objetivas, tentando captar o real como ele é 
  • Linguagem culta e direta
  • Mulher não idealizada, mostrada com defeitos e qualidades 
  • Amor e outros sentimentos subordinados aos interesses sociais
  • Casamento como instituição falida, contrato de interesses e convivências
  • Herói problemático, cheio de fraquezas, manias e incertezas
  • Narrativa lenta, acompanhando o tempo psicológico
  • Personagens trabalhadas psicologicamente
  • Universalismo












    Características de Machado de Assis 
  1.  Frases Curtas. 
  2.  Linguagem correta
  3.  Conversa com o Leitor.
  4.  Análise psicológica das personagens



Objetividade e Impessoalidade

Flaubert comparava o escritor a um "deus ex machina", isto é, a um deus fora do mundo que tudo sabe e ninguém vê:
O autor, em sua obra, deve ser como um Deus no universo: onipresente e invisível.


Racionalismo
Tenho alguma culpa se desejo isso, se quero a glória, se quero que todos os homens me conheçam, que me estimem, se vivo apenas para isto? Sim, apenas para isso! (...) A morte, os ferimentos, a perda da família, nada me assusta. Por mais caros que me sejam meu pai, minha irmã, minha mulher e todos a quem mais estimo, e por mais terrível e antinatural que isso possa parecer, daria tudo isso por um momento de glória, de triunfo, pela estima dos homens que não conheço, que não conhecerei nunca - pensou André, ouvindo vozes no pátio. (Guerra e Paz)

Verossimilhança
Mesmo neste século entediado, ainda é tamanha a necessidade de divertimento que mesmo nos dias de jantares, logo que o marquês deixava o salão, todos fugiam. Contanto que não pilheriassem com Deus, nem com os pobres, nem com o Rei, nem com as pessoas de posição, nem com os artistas protegidos pela corte, nem com tudo o que está consagrado; contanto que não falassem bem de Béranger, nem dos jornais da oposição, nem de Voltaire, nem de Rousseau, nem de todos os que se permitiam certa linguagem franca; contanto, sobretudo, que nunca falassem em política, podiam comentar tudo livremente.Não há cem mil escudos de renda nem condecoração que possam lutar contra tal código de salão. A menor idéia viva parecia uma grosseria. Apesar do bom tom, da perfeita cortesia, do desejo de agradar, lia-se o aborrecimento em todos os semblantes Os moços que compareciam para cumprir um dever, de medo de aludir a qualquer coisa que levantasse suspeita de pensamento ou de trair alguma leitura proibida, calavam-se depois de algumas frases muito elegantes sobre Rossini e o tempo que estava fazendo. ( O Vermelho e o Negro)

Contemporaneidade
Nem a todos é dado tomar um banho de multidão: gozar da multidão é uma arte;(...) O passeador solitário e pensativo encontra singular embriaguez nessa comunhão universal. Aquele que desposa facilmente a multidão conhece gozos febris, de que estarão eternamente privados o egoísta, fechado como um cofre, e o preguiçoso, encaramujado feito um molusco. Ele adota como suas todas as profissões, todas as alegrias e todas as misérias que as circunstâncias lhe deparam.
Aquilo a que os homens chamam amor é muito pequeno, muito limitado e muito frágil, comparado a essa inefável orgia, a esta sagrada prostração da alma que se dá inteira, poesia e caridade, ao imprevisto que surge, ao desconhecido que passa. (Flores do mal)


O Pessimismo
Depois Carlos, outra vez sério, deu a sua teoria da vida, a teoria definitiva que ele deduzira da experiência e que agora o governava. Era o fatalismo muçulmano. Nada desejar e nada recear... Não se abandonar a uma esperança - nem a um desapontamento. Tudo aceitar, o que vem e o que foge, com a tranqüilidade com que se acolhem as naturais mudanças de dias agrestes, e de dias suaves. E, nessa placidez, deixar esse pedaço de matéria organizada, que se chama o EU, ir deteriorando-se e decompondo até reentrar e se perder no infinito Universo. Sobretudo, não ter apetites. E, mais que tudo, não ter contrariedades.
Ega, em suma, concordava. Do que ele principalmente se convencera nesses estreitos anos de vida era da inutilidade de todo o esforço. (Os Maias)
Todas as famílias felizes se parecem entre si; as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira. (Ana Karenina)

Naturalismo
Meu desejo é pintar a vida, e para este fim devo pedir à Ciência que me explique o que é a vida, para que eu a fique conhecendo. 
Émile Zola

O romance deve ser um estudo objetivo das paixões. Devemos observar escrupulosamente as sensações e os atos das pessoas. Limito-me a fazer em dois corpos vivos aquilo que os cirurgiões fazem em cadáveres.
Esta proximidade da literatura com o método de investigação médica de Bernard leva Zola a designar o romance naturalista também como romance experimental. A pretensão científica torna-se cada vez mais obstinada:
O romance experimental é uma conseqüência da evolução científica do século. Ele continua e completa a fisiologia; ele se apoia sobre a química e a física; ele substitui o estudo do homem abstrato e metafísico pelo estudo do homem natural, submetido à leis físico-químicas e determinado pelas influências do meio. Ele é, em uma palavra, a literatura de nossa idade científica.

Em Teresa Raquin quis estudar temperamentos e não caracteres. Escolhi personagens dominados ao máximo por seus nervos e por seu sangue, desprovidos de livre arbítrio, arrastados a cada ato de sua vida pela fatalidade da carne. Teresa e Lourenço são brutos humanos, nada mais. Tratei de seguir, passo a passo, em tais selvagens, o trabalho surdo das paixões, as pressões do instinto, as alterações cerebrais, produtos de uma crise nervosa...
Que se leia o romance com cuidado e se verá que cada capítulo é um estudo de um curioso caso fisiológico.



O Cortiço
Amara-o a princípio por afinidade de temperamento, pela irresistível conexão do instinto luxurioso e canalha que predominava em ambos, depois continuou a estar com ele por hábito, por uma espécie de vício que amaldiçoamos sem poder largá-lo; mas desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a sua tranqüila seriedade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou os seus direitos de apuração, e Rita preferiu no europeu o macho de raça superior.

Herança Biológica
Três fontes diversas contribuem para produzir um estado moral elementar: a raça, o meio e o momento. O que se chama raça são estas disposições inatas e hereditárias que o homem carrega consigo.(...) Há naturalmente variedade de homens como de touros e de cavalos: uns valorosos e inteligentes, e outros tímidos e de inteligência curta; uns capazes de concepções e criações superiores, e outros reduzidos à idéias e às invenções rudimentares; alguns dispostos mais especialmente para certos trabalhos e dotados mais ricamente de certos instintos, assim como se vê cães com aptidões especiais para a corrida ou para o combate, ou para a caça, ou para a guarda de casas e rebanhos.

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