quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Arcadismo - Neoclassicismo



MINAS GERAIS É ASSIM
Fiquei com saudade de um mundo que perdi (por culpa própria): o mundo do tempo comprido, arrastado (os paulistas ficam aflitos ouvindo a fala vagarosa e cantada dos mineiros....); dos móveis feitos a golpes de enxó, orgulhosos de sua rusticidade; das crianças de pés descalços na enxurrada; do cheiro dos cavalos suados; do frango com quiabo, angu e pimenta; do caldo de “ora-pro-nobis” com fubá; do café na canequinha de folha; da cadeira de vime à porta de casa; na rua, meninada brincando; meu pai fumando cachimbo; do banho de cachoeira; sobretudo, saudades do Mar de Minas.



O Mar de Minas não é no mar
O Mar de Minas é no céu
Pro mundo olhar para cima e navegar
Sem nunca ter um porto aonde chegar.....
Que coisa mais louca: uma “Maria Fumaça”
resfolegando e apitando sob o mar infinito.

Minas Gerais é assim: mistério........

Por: Rubem Alves / Cenas da vida.



Curiosidades: A origem do Pão de Queijo 

A origem do pão de queijo é incerta, especula-se que exista desde o século XVIII e se confunde com a própria origem da culinária mineira.
Em tempo de crise recorreu-se à cultura indígena: primeiro surgiu a goma, vindo da mandioca sob a forma do polvilho doce ou azedo; depois a gordura de  porco, o sal, o ovo, o leite, a nata, a manteiga e por último o queijo, que aos poucos incorporou-se  ao  biscoito  de goma moldados sob a forma de pequenas bolinhas e finalmente assados.


Arcadismo ou Neoclassicismo
  • Início: 1768 - Publicação das obras de Cláudio Manuel da Costa 
  • Arte do equilíbrio e harmonia
  • Locus Amoenus: Lugar agradável;
  • Fugere Urben: Fugir da Cidade
  • Busca do Racional, do verdadeira e da natureza
  • Retorno às concepções de beleza do Renascimento;
  • Poesia objetiva e descritiva
  • Aurea Mediocritas: O objetivo arcádico de uma vida serena e bucólica
  • Pastoralismo
  • Valorização da Mitologia
  • Técnica da Simplicidade
  • Literatura linear e regrada: Inutilia Truncat - Cortar o inútil
  • Carpe Diem como convencimento amoroso

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite,
e mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!

Eu vi o meu semblante numa fonte:
dos anos inda não está cortado;
os Pastores que habitam este monte
respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
que inveja até me tem o próprio Alceste:
ao som dela concerto a voz celeste
nem canto letra, que não seja minha.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!

Mas tendo tantos dotes da ventura,
só apreço lhes dou, gentil Pastora,
depois que o teu afeto me segura
que queres do que tenho ser senhora.
É bom, minha Marília, é bom ser dono
de um rebanho, que cubra monte e prado;
porém, gentil Pastora, o teu agrado
vale mais que um rebanho e mais que um trono.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela! 


Soneto - Claudio Manuel da Costa

Destes penhascos fez a natureza 
O berço, em que nasci: oh quem cuidara, 
Que entre penhas tão' duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:

Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei; que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mas se apura. 


Neoclassicismo nas artes
  • O Brasil recebe forte influência cultural européia intensificada pela chegada da “Missão Artística Francesa”.
  • O objetivo desses artistas era fundar a Real Academia de Belas-Artes , no Rio de Janeiro para ensinar as artes e os ofícios artísticos.
  • Propunha a volta aos padrões da arte clássica (greco-romana) da Antiguidade.
  • Pinturas em estilo acadêmico (realista).
  • Retratavam uma imagem ideal e não necessariamente a real.
  • Temas históricos ou mitológicos.
  • Retratos de nobres e burgueses.

Neoclassicismo
Arquitetura:

  • Colunas gregas
  • Arcos romanos
  • Frontões
  • Cúpulas

 Neoclassicismo
Pintura:
  • Acadêmico
  • Acadêmico
  • Temas históricos
  • Temas mitológicos
  • Cena idealizada
  • Retratos
  • Paisagens


Missão artística Francesa

Nicolas-Antoine Taunay
Jean-Bapstiste Debret
Outros artistas estrangeiros
Johann-Moritz Rugendas
Thomas Ender
Alunos da Academia de Belas-Artes

Pedro Américo

Vitor Meirelles

Arsênio Cintra da Silva
Moema, Victor Meirelles, 1866

Perde o lume dos olhos, pasma e trema,
Pálida a cor, o aspecto moribundo, 
Com mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre as salsas escumas desce ao fundo.
Mas na onda do mar, que irado freme,
Tornando a aparecer desde o profundo:
"Ah!  Diogo cruel!" disse com mágoa,
E, sem mais vista ser, sorveu-se n’água.
Choraram da Bahia as ninfas belas
Que, nadando, a Moema acompanhavam;
E, vendo que sem dor navegam delas, 
branca praia com furor tornavam.
Nem pode o claro herói sem pena vê-las,
Com tantas provas que de amor lhe davam;
Nem mais lhe lembra o nome de Moema,
Sem que ou amante a chore, ou grato gema


(ENEM/2008)
Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte, rico e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,

Aqui descanse a louca fantasia,
E o que até agora se tornava em pranto
Se converta em afetos de alegria.

Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9. 

Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção.

a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”.
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.
c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional.
d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.
e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria. 

Resposta:

b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.

O eu-lírico está dividido entre a cidade(corte) e o campo, que simboliza a mesma oposição entre, respectivamente, Metrópole e Colônia. Embora ele prefira o campo, a vida pastoril não pode prescindir a da cidade, mesmo porque ele estabelece seus paradoxos existenciais e estéticos em consideração essa oposição. Deve-se lembrar que o poeta teve uma longa vivência em Portugal antes de retornar a Minas Gerais, marcando, assim, suas contradições.


Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao seu interlocutor.

a) “Torno a ver-vos, ó montes; o destino”
b) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino,”
c) “Os meus fiéis, meus doces companheiros,”
d) “Vendo correr os míseros vaqueiros”
e) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,”

Resposta:

a) “Torno a ver-vos, ó montes; o destino”

A correta é a alternativa A, pois o poeta se dirige ao seu interlocutor e utiliza o vocativo, como se falasse aos montes: “ó montes..” 


Em 1924 um grupo de intelectuais paulistas ligado à Semana de Arte Moderna fez uma histórica viagem às cidades coloniais mineiras. Entre os integrantes estavam Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e o poeta franco-suíço Blaise Cendrars, que, paradoxalmente, fez o papel de mediador, através do qual os paulistas começaram a ver o Brasil com outros olhos — como matéria-prima e objeto de reflexão para a arte moderna.




Aproximação da capital

Trazem-nos poemas no trem
Azuis e vermelhos
Como a terra e o horizonte
É um hotel rigorosamente familiar

Que oferece vantagens reais
Aos dignos forasteiros
Havendo o máximo escrúpulo na direção da cozinha

Casas defendem o vosso próprio interesse
Proporcionando-vos uma economia
De 2$000, de 3$000

Impermeáveis
Borzeguins
Pijamas

A viagem inicia-se em São João del-Rei, onde o grupo chega de trem na Semana Santa. Visitam a cidade e também Tiradentes com o entusiasmo de redescobridores do Brasil colonial. Por toda parte encontram calma, simplicidade, a paisagem bucólica e no passado distante uma produção artística enraizada na cultura mineira do século XVIII. 

Capela nova

Salão Mocidade
Hotel do Chico
Uma igreja velha e cor-de-rosa
Na decoração dos bananais
Dos coqueirais 

A viagem constitui um marco especialmente determinante na poesia de Oswald e na pintura de Tarsila. Visitar o passado e redescobrir Minas Gerais foi fundamental para a criação do movimento artístico pau-brasil, que tinha por objetivo desmontar a eloqüente retórica importada do século XIX e conferir à nossa arte um sentido novo e uma dimensão brasileira. 


Metalúrgica

1.300 à sombra dos telheiros retos
12.000 cavalos invisíveis pensando
40.000 toneladas de níquel amarelo
Para sair do nível das águas esponjosas
E uma estrada de ferro nascendo do solo
Os fornos entroncados
Dão o gusa e a escória
A refinação planta barras
E lá em baixo os operários
Forjam as primeiras lascas de ferro 


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